Ainda sem nome (Capítulo 1) - Rascunhos
O vôo TP743 aterrara por fim no aeroporto da Portela por volta das vinte e uma horas e trinta minutos de um qualquer dia de inverno. X cerra definitivamente o livro que segurava com a mão direita desentalando o dedo indicador de entre as suas folhas, não sem antes marcar a página onde previamente suspendera a sua leitura. Troca um olhar cúmplice de missão cumprida com o senhor africano que se sentara junto a ele durante algumas horas. "Pés assentes na terra novamente", pensou. Os dois miúdos que viajavam sozinhos para lugar ainda desconhecido por X também o olharam e sorriram. X apresentava este aspecto tranquilizador e confiante ainda que pudesse passar perfeitamente despercebido para o resto da tripulação. Sentia-se agora um cidadão do mundo civilizado, especialmente após ser forçado a viajar sozinho três ou quatro vezes por motivos profissionais. Aprendeu que qualquer fosse o chão que pisasse, conseguiria sobreviver de alguma forma desde que lhe proporcionasse o mínimo de estabilidade. Para andar. E explorar. E pensar.
À sua espera estariam, como sempre, Y e Z, com os quais partilharia 4 beijos nas faces seguidos de dois abraços fugazes. X incomodava-se com demonstrações oferecidas de sentimentos e tão pouco gostava de mostrar fragilidade. Arrumadas as malas de viagem na bagageira, seguiriam para casa onde jantariam e X poderia descansar novamente na sua cama debaixo de lençois de cheiro conhecido. Entretanto, encontrar-se-ia com alguns amigos para pôr a conversa em dia embora não houvesse muito para contar dada a curta ausência. Seria, no entanto, um pretexto para se encontrar de novo, para se localizar.
Não deixava de observar o quão impessoais os aeroportos lhe pareciam, necessitando os seus transeuntes de carregar consigo um documento identificativo a todo o momento, caso se esquecessem porventura de quem eram, de onde vinham ou para onde iam. Isto seria inconcebível para X pois X não perdia nunca o norte e sempre soube quem era. Esteve prestes a ajudar o senhor africano, que parecia perdido por esta altura, a apanhar outro avião que descolaria passado muito pouco tempo, conclusão a que chegou depois da pequena conversa que tiveram numa mistura de três idiomas enquanto sobrevoavam Lisboa. Teria ficado bastante orgulhoso de si próprio se tal tivesse acontecido, contudo X não era muito socialmente voluntarioso a menos que fosse solicitado. Gostaria que algum dia, viesse ele próprio a precisar de ajuda, que o fizessem sem que ele tivesse necessidade de abordar alguém. Virou costas e seguiu.
À sua espera estariam, como sempre, Y e Z, com os quais partilharia 4 beijos nas faces seguidos de dois abraços fugazes. X incomodava-se com demonstrações oferecidas de sentimentos e tão pouco gostava de mostrar fragilidade. Arrumadas as malas de viagem na bagageira, seguiriam para casa onde jantariam e X poderia descansar novamente na sua cama debaixo de lençois de cheiro conhecido. Entretanto, encontrar-se-ia com alguns amigos para pôr a conversa em dia embora não houvesse muito para contar dada a curta ausência. Seria, no entanto, um pretexto para se encontrar de novo, para se localizar.
Não deixava de observar o quão impessoais os aeroportos lhe pareciam, necessitando os seus transeuntes de carregar consigo um documento identificativo a todo o momento, caso se esquecessem porventura de quem eram, de onde vinham ou para onde iam. Isto seria inconcebível para X pois X não perdia nunca o norte e sempre soube quem era. Esteve prestes a ajudar o senhor africano, que parecia perdido por esta altura, a apanhar outro avião que descolaria passado muito pouco tempo, conclusão a que chegou depois da pequena conversa que tiveram numa mistura de três idiomas enquanto sobrevoavam Lisboa. Teria ficado bastante orgulhoso de si próprio se tal tivesse acontecido, contudo X não era muito socialmente voluntarioso a menos que fosse solicitado. Gostaria que algum dia, viesse ele próprio a precisar de ajuda, que o fizessem sem que ele tivesse necessidade de abordar alguém. Virou costas e seguiu.